Atenção! O projeto foi descontinuado. A equipe de desenvolvimento direcionou o esforço para a aplicação Arquigrafia, que foi construído inicialmente usando como base o Groupware Workbench.
Resumo. A colaboração e a inteligência coletiva são características marcantes da Web 2.0. Contudo, desenvolver, prototipar e experimentar aplicativos com estas características abrange diversas complexidades técnicas e multidisciplinares. Neste projeto, propõe-se o desenvolvimento de componentes voltados para interação social e inteligência coletiva para construção de aplicações colaborativas na Web 2.0. Estão no momento sendo desenvolvidas três aplicações diretas desse ferramental: uma rede social para estudo da arquitetura brasileira, um sistema colaborativo para a Agência Universitária de Notícias e um balcão de dúvidas sobre software livre.. Palavras-chave: sistemas colaborativos, redes sociais, Web 2.0, componentes de software.
Apresentação
Recentemente, no desenvolvimento de software, passou-se a ver uma migração gradativa do desenvolvimento de aplicações desktop para Web, que se tornou a plataforma padrão para novos sistemas de informação. Site e software se fundiram nos sistemas web, que executam de maneira integrada a diversos dispositivos e levam em conta a conectividade e interatividade propiciadas pela tecnologia. Mais recentemente ainda, estamos vivendo uma nova mudança de paradigma no desenvolvimento de aplicações, que vem sendo chamada de Web 2.0 [O’Reilly, 2005]. A Web hoje é colaborativa. Sites que possibilitavam apenas interações monousuário passaram incorporar recursos voltados para colaboração direta e indireta entre os usuários. Sites de comércio eletrônico, como Amazon, por exemplo, passaram a oferecer suporte para avaliação, resenha, troca de mensagens, wiki, compartilhamento de fotos, recomendação etc. para cada produto. Os sistemas Web 2.0 ficam melhores na medida em que mais usuários interagem e contribuem. Surge uma “inteligência coletiva” a partir da análise das interações dos usuários [Seragan, 2007][Alag, 2008]. O termo inteligência coletiva vem sendo usado para caracterizar o conhecimento que emerge da interação e da colaboração, como acontece nas redes sociais, na Wikipedia e no desenvolvimento de software livre. A inteligência coletiva e computação social vêm recentemente ganhando notoriedade de sociólogos e teóricos [Surowiecki, 2005; Levy, 2003; Bloom, 2000], nos negócios [Tapscott & Williams, 2008; Benkler, 2007; Shirky, 2008] e na ciência da computação [Engelbart et al., 2008; Seragan, 2007; Alag, 2008]. Grandes empresas de tecnologia montaram recentemente grupos específicos para estudar a inteligência coletiva e a computação social, como por exemplo, o Microsoft Social Computing Group, o HP Social Computing Lab e o IBM Social Computing Group. No meio acadêmico surgem grupos voltados para estas áreas, como o MIT Center for Collective Intelligence e o Lincoln Social Computing Research Centre. O grupo do MIT conta com Thomas Malone, um dos principais pesquisadores de sistemas colaborativos, Tim Berners-Lee (criador da Web) e Jimmy Wales (fundador da Wikipedia).
Nas aplicações com suporte a inteligência coletiva, é necessário coletar, registrar, processar e apresentar informações. Como estas tarefas não-triviais se somam às dificuldades inerentes ao desenvolvimento de sistemas colaborativos para web e para computação móvel, torna-se necessário instrumentar melhor o desenvolvimento de aplicações voltadas para Web 2.0 com suporte a inteligência coletiva e computação social em múltiplos dispositivos. Dificuldades tradicionais da engenharia de software são potencializadas ao desenvolver sistemas colaborativos para Web 2.0. Problemas como sincronismo, concorrência de acesso, compartilhamento e distribuição são críticos. Sistemas colaborativos são altamente interdisciplinares, os processos que definem a dinâmica de trabalho de um grupo são difíceis de modelar e o suporte computacional é difícil de construir. O uso de componentes de software contribui para amenizar estas dificuldades, possibilitando aos desenvolvedores e pesquisadores experimentar e prototipar rapidamente soluções computacionais [Gimenes & Huzita, 2005]. O projeto Groupware Workbench oferece uma infra-estrutura de execução e kits de componentes para a construção de sistemas colaborativos. Os component frameworks do Groupware Workbench provêm suporte à instalação, atualização, agrupamento, customização, disponibilização, reuso, interdependências e ciclo de vida dos componentes.
Para fins de definição e avaliação dos componentes, o ferramental está sendo utilizado em três projetos reais com instituições parceiras. Os componentes estão sendo utilizados para a construção de uma rede social para o estudo colaborativo da arquitetura brasileira por meio de imagens, para a implantação do suporte a inteligência coletiva e interação social no sistema de notícias do curso de jornalismo da ECA/USP e para a implementação de um balcão de dúvidas sobre software livre no Centro de Competência em Software Livre (CCSL). AplicaçãoArquigrafia BrasilEm parceria com o prof. Artur Rozestraten (FAU) a partir dos componentes propostos está sendo construída uma rede social para o estudo colaborativo da arquitetura brasileira por meio de imagens. Será possível assim, compor um amplo acervo público digital de imagens originais da arquitetura brasileira, ainda inexistente, cedidas e catalogadas pelos próprios usuários, conforme certos dados de registro, certas palavras-chave e certos conceitos plástico-espaciais para sua inserção, acervamento e apresentação. Alguns binômios que serão utilizados para a avaliação das imagens são: côncavo-convexo, saliências-reentrâncias, brilhante-fosco, opaco-transparente etc. Este projeto oferecerá uma contribuição complementar ao enfoque historiográfico tradicional, no qual predomina o texto como principal representação da arquitetura. O banco poderá ser usado nas aulas e nos trabalhos acadêmicos. A partir da leitura coletiva feita pelos usuários, será possível identificar tendências, estilos, grupos de interpretação etc. não previstas inicialmente. Serão utilizados os algoritmos de inteligência coletiva, encapsulados nos componentes, para realizar agrupamentos, recomendação por similaridade, busca por critérios, navegação por tags, filtragem etc. A investigação da arquitetura através da leitura coletiva de imagens já vem sendo investigada pelo prof. Artur e com a construção da rede social com suporte à inteligência coletiva esta pesquisa aumentará em dimensão e profundidade.
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